a A vida acontece no equilíbrio entre a alegria e a dor | Nilza da Silva Pimenta

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Reflexões

A vida acontece no equilíbrio entre a alegria e a dor

A vida acontece no equilíbrio entre a alegria e a dor

Nilza,

Me recordo de João, que aos 92 anos necessitava de um andador para se locomover, não conseguindo ir além das grades do portão de casa, dependente de uma cuidadora em tempo integral para realizar suas atividades cotidianas. Quando era questionado sobre como estava a vida, ele sempre respondia sempre do mesmo modo cordial e característico:  - Às mil maravilhas!

Refletindo sobre essa peculiar resposta, e mesmo sabendo que nessa afirmação cabia uma parcela de tristeza e dor, ele mantinha uma cota de alegria presente. Seus maiores desafios não eram as limitações da idade, sua dependência dos outros, mas sim a busca de recursos no mundo interior para continuar a acreditar que viver era uma maravilha. Mas o que seriam esses recursos? Essa imersão só seria possível ressignificando sua trajetória, sua vida, os valores da juventude em seu potencial, podendo encontrar na nova idade seu valor e relevância. 

Na vida somos confrontados de tempos em tempos com eventos, perdas e mudanças inevitáveis na jornada. Além de nossas escolhas, de nossos desejos e poder de ação; crescer implica em abandonar conceitos antigos e ilusões. Essas são perdas necessárias para nosso crescimento, sempre presente em nossa vida. Encontra, portanto, uma flexibilidade que a existência demanda, em um equilíbrio homeostático, em um movimento vital, como sugere Jung. Conseguir ir em frente buscando coerência e consciência com aquilo que sou para a construção da felicidade possível e tentando descobrir um meio de levar uma vida com significado.

Nossa atitude em relação às perdas é fundamental para determinar o equilíbrio entre a alegria e a dor, porque se ficamos fixados em pontos da nossa jornada, a balança irá se desequilibrar para a dor e o sofrimento, nos negando de uma oportunidade de transformação. A sabedoria reside em usarmos os recursos que temos no agora, incorporados ao longo de nossa biografia, pois a vida não tem rascunho para podermos passar a limpo, não temos ensaios preparatórios.

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